“As Guardas Municipais como boi de piranha do estelionato eleitoral”
É chegado mais um fim de mandato nos Municípios de nosso grandioso
Brasil. Alguns de quatro anos outro de oito. Uns graças ao bom Deus vão embora
e esperamos que nunca mais voltem. Outros virão, pisando macio, sorrindo para
todos, beijando criancinhas e tomando cachaça em boteco sujo; verdadeiros lobos
em pele de ovelhas. Mudança e continuísmo no submundo do troca-troca das
cadeiras de prefeitos. Surgirão agora os salvadores que têm as soluções para
todos os problemas, inclusive os de segurança pública. De Rota na Rua a
Políticas de Utilização da Guarda Municipal, como única responsável por
combater as mazelas do crime e da miséria. Muitos desses mentirosos que ficaram
por 4 ou 8 anos no poder e agora farão sucessores tão sujos quanto eles, sequer
investiram o necessário ou valorizaram os profissionais das Guardas Municipais
quando tinham o poder e as condições financeiras para tal.
Agora aos 45 minutos do 2º tempo, compram umas motos e carros, meia
dúzia de coletes, concede um mísero aumento, buscando com isso desesperadamente
o voto do homem da segurança pública. Será que merecem crédito ou confiança?
Verdadeiros inimigos das instituições policiais e de qualquer coisa que cheire
a segurança e honestidade.
Temos municípios nos quais já foram mortos prefeitos, presos seus
secretários e vereadores e a Guarda Municipal mesmo sem recursos, continua
firme, intocável e comprometida com a causa pública. Vítimas inocentes que são,
pois muitas delas não sabem fazer o jogo político e são sacrificadas sem dó e
nem piedade. Quer um exemplo? Esse político que está saindo, deixou quanto de
orçamento para 2013? É o suficiente para o Comandante planejar suas ações e dar
uma resposta qualificada às demandas de segurança do município? Veja lá quanto
ele deixou de herança para a Guarda?
Outra coisa que traz sofrimento às Guardas Municipais é o egoísmo e
fogueiras de vaidades de seus próprios integrantes. Muitos deles se licenciam
para sair candidato sem a menor condição de ser eleito. Dividem os votos dentro
das próprias instituições, pois às vezes saem 3 ou 4 candidatos e nenhum deles
conseguem atingir o mínimo necessário nem para ser suplente. Sem falar naqueles
eternos
candidatos de meia dúzia de votos. É só fala em eleição que ele
aparece. Pode ser de CIPA, de Síndico, de Comissão de Necrotério, lá está ele
como candidato a tudo.
Outros ainda, fracassados presidentes de Associações e Sindicatos, que
não conseguiram nem sequer aprovar a carreira da própria instituição a que
pertence e agora se acham preparados para representar a instituição no
Legislativo Municipal. Não conseguiu representar nem suas próprias demandas que
dirá a de outros.
Prezados Guardas Municipais, não se deixem enganar por mais uma vez.
Cuidado com promessas vazias e sem fundamento. Investiguem, cobre as propostas
para sua instituição, de preferência por escrito. Chamem esses iluminados
salvadores para um debate público e analisem suas propostas para a segurança
pública e para sua instituição. Não é pelo fato do candidato ser oriundo de
algum órgão policial ou de uma associação ou sindicato que o habilita a te
representar. Cuidado com os lobos em pele de ovelha. Foi-se o tempo em que o
guarda municipal era boi de piranha ou massa de manobra.
Nesse momento da corrida eleitoral, todos eles vão bater na porta de
sua inspetoria atrás de você com soluções mirabolantes para seus problemas. E
depois? Quais as garantias? Como cobrar as promessas?
Depois te digo, quando sentirem o gostinho do poder, o peso dos maços
de reais vindo em belas malas, quando descobrirem que as Guardas Municipais
podem ser usadas apenas para se projetarem e captar recursos para serem
desviados, ai será tarde. Só daqui mais 4 ou 8 anos de novo ciclo sofrimento.
Pense nisso! Reflitam e façam suas ponderações. Vote com consciência!
PROF. JOÃO ALEXANDRE – Professor,
Pesquisador e Especialista em Políticas Públicas de Segurança, Direitos
Humanos e Ciências Policiais. Coordenador Acadêmico do Centro de Estudos em
Segurança Pública e Direitos Humanos – CESDH. Coordenador Geral do Fórum
Permanente de Segurança Pública do Estado de São Paulo (FPSP/MAS/NCST-SP).
Coordenador de Projetos do Centro de Estudos Avançado em Problemas
Sociais (CEAPS-SP). Membro Associado ao Instituto Brasileiro de
Ciências Criminais - (IBCCRIM). Membro
da Associação Internacional de Polícia (IPA/SP). Coordenador
Acadêmico da Escola de Formação de Comandantes de Guardas Municipais e Gestores
de Segurança Pública Municipal do CESDH/SP. Diretor Adjunto de Assuntos de
Segurança Pública e Direitos Humanos do Escritório Pereira Leutério Advogados
Associados. E-mail: professor.joaoalexandre@hotmail.com
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