A grande tragédia que se abate sobre a região serrana do Rio de Janeiro desde a semana passada, provocando centenas de mortes e causando enormes prejuízos comove o Brasil e desperta União e estados para a necessidade de criação de consistente Guarda Civil com atuação nacional e nos entes federativos.
A topografia da área atingida no Rio é diferente do mosaico topográfico de Mato Grosso, caracterizado por planícies, planalto e pela depressão do Pantanal. Mesmo assim, a tragédia que assola aquele Estado seguramente levará as autoridades em Cuiabá a refletirem sobre a necessidade de se criar mecanismo de prevenção e atuação em casos que superam a capacidade dos municípios.
Em Mato Grosso praticamente inexiste risco de desmoronamento de encostas, mas entre julho e outubro, que é o período mais crítico da estiagem, o Estado enfrenta altas temperaturas, baixa umidade relativa do ar e ventos fortes. Essa composição climática é favorável ao surgimento de incêndios florestais, sem que o governo centralizado em Cuiabá consiga enfrentá-los com a urgência que se faz necessária, por falta de estrutura agravada pelas longas distâncias.
Em 1998, um grande incêndio florestal atingiu o Vale do Araguaia destuindo vegetação primitiva, áreas antropizadas, casas, cercas, currais, pontes e matando animais silvestres, aves e bovinos do rebanho em Confresa, São José do Xingu, Santa Cruz do Xingu, Canabrava do Norte, Porto Alegre do Norte e Ribeirão Cascalheira. À época o governo estadual se declarou impotente para enfrentar a situação, que somente foi revertida com a maciça participação de moradores e a providencial ajuda do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.
Em agosto do ano passado, um incêndio que começou no lixão da Prefeitura de Marcelândia avançou sobre aquela cidade destruindo dezenas de empresas madeireiras e mais de uma centena de residências. Novamente o Estado não teve condições de vencer as chamas, muito embora o município conte com uma equipe de brigadistas.
Maneira prática de estruturar Mato Grosso para enfrentar incêndios florestais é a contratação pelo Estado de aviões agrícolas de agropecuárias, para – se for o caso – utilização regional. Vale observar que o período mais crítico da estiagem coincide com a entressafra, o que mantém as aeronaves nos hangares.
Criar reserva aérea brigadista não é algo complicado nem acima da capacidade do governo. Para tanto, o Estado precisa contar com a colaboração dos empresários do setor aeroagrícola e, em caso de pagamento por uso de avião, que o faça com encontro de contas entre agente arrecadador e contribuinte.
Mato Grosso tem a maior frota aérea agrícola do Brasil e com a vantagem de sua capilarização. Se lançar mão dela e juntamente com as prefeituras mantiver brigadistas treinados para ações conjuntas por terra e ar, teremos uma Defesa Civil compatível com a demanda anual para enfrentamento das chamas que teimam em comprometer o meio ambiente.
“Criar reserva aérea brigadista não é algo complicado nem acima da capacidade do governo”
Fonte: http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=386847
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Inspetor Frederico