Somente com salário digno, nível superior e a consequente estabilidade familiar, nossa segurança pública estadual terá um grande salto de qualidade
por Fernando Francischini*
O caos que vive nosso país no combate à criminalidade é latente. Traficantes de drogas invadiram e dominaram diversos bairros, vilas, favelas e adjacências no Rio de Janeiro fazendo com que as polícias se aliassem às Forças Armadas para debelar ataques, assaltos, homicídios, carros e Ã?nibus queimados. Em Curitiba, ainda nesta semana, na Vila Torres, quadrilhas de jovens traficantes se enfrentaram a tiros paralisando e aterrorizando escolas, comércios e a população de bem que lá vive.
Por traz deste cenário macabro, existimos nós: pais e mães desesperados pela vida de seus filhos, jovens tolhidos em seu direito de ir e vir, homens e mulheres desenganados pela miséria, fome e violência onde moram e finalmente policiais e suas famílias. Esses são os atores que influenciam e são influenciados pela atual e assustadora onda de criminalidade.
A atual política de recursos humanos da Polícia Federal, criada inicialmente pela Lei n.º 9.266/96 e consolidada pela Emenda Constitucional n.º 19 de 1998, implantou a exigência de nível de escolaridade superior para os concursos de ingresso na carreira policial federal e o pagamento dos salários na forma de subsídio. Provavelmente esse foi o maior salto de qualidade já observado até hoje em uma instituição policial brasileira. Em poucos meses a melhoria salarial e a mudança no nível socioeconÃ?mico e cultural fizeram com que o combate à criminalidade obtivesse eficiência e ótimos resultados. A Polícia Federal tornou-se reconhecida internacionalmente e os crimes de sua competência atingidos diretamente – inquéritos relatados, apreensões de drogas e armas, dinheiro público recuperado, prisões de alto calibre.
A fórmula foi planejar uma nova polícia com bom salário, estudo universitário, treinada e reestruturada. Assim, tivemos diminuição na corrupção, apego a profissão, dedicação ao serviço, maior respeito à população e finalmente uma gestão de resultados positivos – um efeito em cascata, o “combustível” necessário para uma mudança radical.
Nessa linha, na esteira da eleição de um novo governo no Paraná, é imperioso que a famosa PEC 64, hoje aprovada e transformada na Emenda à Constituição Estadual n.º 29 de 2010, seja implantada e negociada dentro dos 180 dias previstos legalmente. O policial civil e militar agora tem o direito de receber seus salários na forma de subsídio. Somente com salário digno, nível superior e a consequente estabilidade familiar, nossa segurança pública estadual, “aos moldes” da Polícia Federal, também terá um grande salto de qualidade e poderá realmente vencer esta verdadeira guerra contra as drogas diminuindo os índices de crimes violentos que assolam nosso estado.
Um gestor de segurança pública não pode ser um “burocrata de plantão”. Tem de ser operacional – sangue, suor e lágrimas de ter trabalhado nas ruas. As famílias paranaenses clamam por isso! Vamos agir enquanto é tempo, o Paraná “ainda” não é o Rio de Janeiro.
*Fernando Francischini é delegado da Polícia Federal e deputado federal eleito pelo PSDB-PR.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=1072008&tit=O-Parana-ainda-nao-e-o-Rio-de-Janeiro-
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Inspetor Frederico