Nove em cada dez pessoas apoiam a presença permanente da polícia no bairro. Segurança pública é a maior preocupação da população
13/03/2012 | 00:04 | ANDERSON GONÇALVESComunidade
Conselhos de segurança são desconhecidos
Apesar de os conselhos comunitários de segurança terem ganhado impulso em Curitiba nos últimos meses, eles ainda parecem distantes dos olhos da população. Além de afirmar que seu bairro não tem conselho de segurança, a maioria dos entrevistados pelo Paraná Pesquisas disse que não procura se informar sobre a atuação do órgão.
Questionados se seu bairro tem conselho comunitário de segurança, 49% disseram que não, enquanto 36,8% afirmaram não saber. Apenas 13,4% confirmaram sua presença no bairro. Desses, nada menos que 70,9% informaram que não procuram se informar a respeito da atuação do conselho. Ao avaliar seu desempenho, 52,7% classificaram como regular, 18,1% como pouco atuante e apenas 10,9% como muito atuante.
Implantação
Somente de julho até dezembro do ano passado foram implantados ou reativados 29 conselhos em todo o Paraná. Em Curitiba, estavam ativos 40 dos 75 conselhos existentes. Formado por membros de um bairro ou região, sua função é servir de apoio às polícias estaduais com base na filosofia da polícia comunitária.
29 conselhos foram reativados ou implantados no último semestre de 2011 no Paraná. Curitiba tem 40 conselhos ativos.
Impressões
Moradores entre a euforia e a expectativa
Um misto de euforia, expectativa e apreensão toma conta dos moradores do Uberaba após os primeiros dias de ocupação do bairro pela polícia. Com o encerramento da primeira parte do projeto, teve início no último fins de semana a efetivação das UPSs propriamente ditas, as unidades nas quais a Polícia Militar se estabelecerá para promover o policiamento comunitário e se manter mais próxima da população.
Gerente de uma farmácia, Alaor Azevedo conta já ter sido vítima de assaltos por incontáveis vezes. Antes de fazer qualquer avaliação a respeito da ação policial no bairro, ele prefere aguardar para saber como vão funcionar de fato as UPSs. “Enquanto os policiais estavam por toda a parte, tudo bem. Agora vamos ver como será com a UPS, qual será o trabalho que eles vão realizar. A expectativa é que melhore”, diz.
Movimento maior
Para a comerciante Jussara Pereira Bandeira, que há dez anos mora e trabalha na região, a ação policial só é motivo de comemoração. “Antes eu tinha de ficar perto da porta por medo que chegassem os bandidos. Agora, com a polícia na rua, só se vê pessoas de bem. O movimento da loja até aumentou”, relata. Contentamento que não é compartilhado por todos. Uma comerciante que não quis se identificar reclamou da conduta de alguns policiais, que teriam abordado ela e seu marido de forma grosseira.
Pelas ruas do Uberaba, é possível encontrar viaturas policiais circulando, com oficiais observando a movimentação e fazendo revistas. Veículos são parados, vistoriados e seus condutores também revistados. Desde o último sábado, um imóvel está servindo como base da PM, local esse que irá abrigar a UPS. O prédio ainda vai passar por uma reforma e outras ações serão implantadas. Entre elas está a efetivação de um módulo policial móvel e um cadastramento de comerciantes e moradores, a fim de iniciar o policiamento comunitário.
Apesar da presença da polícia, a região foi palco de um homicídio no último sábado. Um rapaz foi executado com três tiros na Vila Icaraí, uma das localidades abrangidas pela UPS. Moradores relataram também que, na manhã de ontem, um jovem teve sua bicicleta roubada por um homem armado em uma das vias mais movimentadas do bairro.
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No dia 1.º de março, cerca de 500 policiais e guardas municipais ocuparam um conjunto de 12 vilas no bairro do Uberaba, monitorando a região, abordando moradores e cumprindo mandados de prisão. A operação representou o início do processo de implantação das UPSs, projeto inspirado nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio de Janeiro, mas com um foco maior em ações sociais. Em futuras unidades construídas no local, será implantado policiamento comunitário e oferecidos serviços públicos às áreas mais carentes.
De acordo com o levantamento do Paraná Pesquisas, 78,7% dos entrevistados disseram ter tomado conhecimento da operação deflagrada no bairro Uberaba. Intervenção essa que foi bem recebida pela população, visto que 72,1% afirmaram aprovar totalmente a iniciativa e 20,1% aprovaram em partes. Números que se justificam ao observar aquele que é apontado pelos curitibanos como o problema que precisa de mais atenção da administração pública: a segurança, citada por 27,5% deles.
“Os números mostram que o curitibano está bastante preocupado com a segurança e também com as drogas, que estão diretamente relacionadas ao aumento da criminalidade”, avalia o diretor do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo. As drogas são apontadas por 20% dos entrevistados como o terceiro maior problema, ficando atrás apenas da saúde. Em outro questionamento levantado pelo instituto, 48,3% disseram considerar Curitiba uma cidade tão ou até mais violenta que o Rio de Janeiro.
Desconhecimento
Ao mesmo tempo que manifestam sua aprovação à ocupação do Uberaba, os moradores de Curitiba ainda não se mostram familiarizados com o Paraná Seguro, principal bandeira do governo na área de segurança. Mais da metade dos entrevistados (53,9%) disse nunca ter ouvido falar no programa. “Para aquele que é considerado o principal programa de segurança pública do estado, ainda falta uma melhor divulgação”, aponta Hidalgo. Sobre as ações tidas como mais importantes para esse programa, a contratação de policiais aparece em primeiro lugar (33,6%), seguida pela construção de módulos (31,2%), desativados nas duas últimas gestões estaduais.
A pesquisa revelou ainda que a população desconhece o policiamento comunitário, um dos fundamentos das UPSs e através do qual pretende-se estreitar o laço entre polícia e moradores. Disseram não ter ouvido falar em policiamento comunitário 50,2% dos entrevistados. Entre os que conhecem o termo, apenas 15,6% disseram terem sido abordados por uma operação dessa natureza.
Guarda Municipal tem avaliação melhor que policiais
O Instituto Paraná Pesquisas questionou os curitibanos sobre a avaliação que fazem da atuação dos organismos de segurança pública na cidade. Os números da pesquisa revelam que a Guarda Municipal é mais bem vista pela população do que as polícias Militar e Civil. Para 43,4% dos entrevistados, a atuação da guarda é tida como ótima ou boa, enquanto para as corporações policiais esses índices ficam próximos: 27,5% para a Militar e 27,8% para a Civil.
PM no vermelho
No caso da PM, o porcentual daqueles que avaliam negativamente sua atuação supera a avaliação positiva: 29,7% consideram seu desempenho ruim ou péssimo. Em relação à Civil, o índice é o mesmo de ótimo/bom, 27,8%. Já em relação à Guarda Municipal, apenas 19,2% classificaram sua atuação como ruim ou péssima.
O diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, compara esses números com outro item da pesquisa. Para 38,3% dos entrevistados, a situação da segurança pública em Curitiba é ruim ou péssima. “O fato de esse porcentual ser maior do que a avaliação negativa das polícias demonstra que as pessoas entendem que não se trata de um problema relativo à polícia, mas de toda uma estrutura de segurança”, observa.
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