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LAMPIÃO
        CONTRA O MATA SETE, A SEPARAÇÃO DO JOIO DO TRIGO 
 
 
        O escritor João de Sousa Lima, membro da ALPA – Academia de Letras de
        Paulo Afonso, membro da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do
        Cangaço, prefaciou o livro “Lampião Contra o Mata Sete”, de Archimedes
        Marques, lançado no último sábado, 02, em Aracajú, capital de Sergipe. 
Eis o Prefácio:
 “É preciso se separar o joio do trigo, as ervas daninhas devem ser
        desenraizadas para que as árvores frutíferas produzam seus frutos. Em
        todos os seguimentos da vida existem os bons e os maus. Há os que
        produzem com sabedoria e os tolos em sua essência. Assim caminha a
        humanidade, em toda parte se sobressaem os que buscam a perfeição e
        dela se aproximam, deixando seus legados como ensinamentos para outros
        que trafegam na estrada do conhecimento e da perpetuação histórica,
        sendo o fato aqui relacionado: A análise ajustada dos acontecimentos
        que permearam uma época que marcou profundamente as mentes e as vidas
        das pessoas do Nordeste brasileiro.
 
Há os que se aprofundam com seriedade, buscando os autênticos subsídios
        para registrar nos anais dos arquivos escritos suas apreciações
        honestas e responsáveis.
 
Também há os hipócritas, os insensatos, gente sem o mínimo de
        conhecimento de certos tópicos e que são ignorantes, que se apoderam de
        um assunto e sem o devido cuidado produzem verdadeiros absurdos.
 
Nesse caso estou falando da incapacidade de Pedro de Morais com seu
        livro “Lampião, o Mata Sete” e a maestria de Archimedes Marques com o
        seu apurado revide “Lampião Contra o Mata Sete”.
 
A leitura eu recomendo sobre o trabalho de Archimedes Marques, sem que
        seja necessário conhecer as inverdades do péssimo livro de Pedro de
        Morais, o Mata Sete.
 
Archimedes nos brinda com respostas ajustadas e um trabalho digno de
        ser adquirido e de constar nos acervos das pessoas cordatas que estudam
        a história do Brasil.
 
O simples argumento de ter sido em sua vida pública um homem da lei,
        que julga seus preceitos e sobre as falhas condena os responsáveis não
        credita a pessoa e nem pode ser aceita qualquer obra que tenha como
        suporte apenas o contexto de “vir de um magistrado”. Não é esse o
        argumento válido para se escrever qualquer obra literária, o teor
        histórico de um povo, de uma nação, merece o mínimo respeito. Devemos
        preservar os fatos, desvendar os acontecidos, checar às informações, analisar
        seus episódios, confrontar seus subsídios e tentar se aproximar o
        máximo da verdade. Esse é o caminho do verdadeiro historiador e
        pesquisador.
 
O tempo do coronelismo já passou, não devemos ficar expostos a uma lei
        que na realidade foi feita para beneficiar os homens de boa índole e
        não nos colocar amedrontados diante da Toga de um magistrado. Não nos
        calemos diante dos fatos injustos.
 
Archimedes Marques, com esse seu livro “Lampião Contra o Mata Sete”,
        entra para o grupo das pessoas que produzem com seriedade, com
        discernimento que demonstra coragem, qualidade indispensável aos homens
        que merecem nosso respeito e nossa admiração.
 
Pode-se apostar no sucesso nesse primeiro trabalho de Archimedes, ele
        vem pesquisando o tema cangaço há algum tempo e encontrou o rumo certo
        rebatendo uma obra que vem talhada de informações sem fundamentos
        legais que possam comprovar seus textos difamatórios. Diante da
        apresentação de fatos tão mentirosos levantados pelo fraco autor
        “Lampião, O Mata Sete”, Archimedes é a bandeira que se levanta contra
        tais inverdades, um acerto ajuizado contra os pensamentos embaraçados
        de um escritor sem as qualidades essenciais para uma produção que se
        explica não por “querer” e sim por “existir”, fatos concretos que
        justificam novos olhares, novas apreciações, porém com a honestidade e
        responsabilidade que as ocorrências históricas devem atrair, tendo por
        legado reparar as lacunas que ficaram adormecidas e que se juntam para
        agregar valores ao contexto de uma história que se reescreve a cada
        tempo, porém contada e acrescida em sua profundeza autêntica, ajustada
        em suas fontes primordiais sendo salvas nas memórias literárias que
        formadas com outras fontes direcionam a verdadeira historiografia do
        mundo.
 
É preciso se separar o joio do trigo, devemos desenraizar as ervas
        daninhas para que colhamos os frutos bons, nesse caso devemos receber o
        livro de Archimedes Marques “Lampião Contra o Mata Sete, com a devida
        grandeza que ele tem, pois ele é uma bandeira hasteada contra a
        mentira, contra a insensatez, contra a erva daninha que é esse livro de
        Pedro de Morais.
 
Paulo Afonso, 23 de fevereiro de 2012
 João de Sousa Lima
 
 
 
 
 
 
         
         
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Lançado o livro de
              Archimedes Marques em Noite de Gala na Capital Sergipana. |  
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Postada em: Terça, 5 de
              Junho de 2012 às 8h26 | Posts 2325 |  |  |  
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Lançado o livro de Archimedes Marques em Noite de Gala na
          Capital Sergipana. 
 
          Archimedes Marques lançou o livro
          "Lampião contra o mata sete". 
O lançamento aconteceu  no
          Centro de Cultura, um belissimo espaço que lotou com autoridades,
          escritores, pesquisadores e amigos para prestigiarem o lançamento.
          Entre os convidados ilustres estava o escritor Alcino Alves Costa que
          mesmo com dificuldades de locomoção devido a um AVC sofrido
          recentemente , não deixou de prestigiar o lançamento.
 
 
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domingo, 1 de julho de 2012
 
LAMPIÃO CONTRA O
        MATA SETE ( I ) 
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de
        julho de 2012. 
Crônica
        Nº 809  
 
Alagoas, no geral, sempre foi um
        estado quase arredio para assunto de cangaço e para cantador
        repentista. Talvez, pelo gosto mais reservado para esses temas, não
        tenha havido repercussão por aqui do livro embargado pela Justiça “Lampião, o Mata Sete”, do juiz
        Pedro de Morais. Grandes repentistas e famosos livros sobre Lampião
        também não causam impacto nenhum no “Paraíso das Águas”, assim como já
        antevejo o nosso “Lampião em
        Alagoas”, cujo esforço está concentrado para o lançamento ainda
        este mês.  
Embargado pela Justiça, através da
        família Ferreira, “Lampião, o
        Mata Sete”, conseguiu escapar com alguns exemplares, lidos por
        abnegados pesquisadores do tema cangaço. Alguns ficaram horrorizados
        com as baboseiras e delírios do autor (um verdadeiro Zé Limeira cantador
        do absurdo). Confesso que não li o citado livro que, mesmo clandestino,
        não circulou por essas bandas. Reagindo aos sonhos eróticos do juiz,
        surgiu na praça um veemente protesto comandado pelo livro antagônico “Lampião contra o Mata Sete”, do
        delegado de polícia, estreante na Literatura e como novo escritor do
        cangaço, colunista, “blogueiro” e pesquisador Archimedes Marques, no
        estado sergipano.  
Quando o escritor atinge certa
        idade, reduz quase a zero a sua leitura livresca em troca das escritas
        frenéticas como a querer reconquistar o tempo. Pela minha parte, abri
        exceção para o início da frase acima, ao receber o calhamaço de 552
        páginas do homem da lei Archimedes Marques. Há muito, não passando de
        uma leitura de 50 páginas, mergulhei no “Lampião contra o Mata Sete”, como nos velhos tempos da
        adolescência, lendo-o em dois dias. Sobre qualquer tipo de assunto,
        desde a crônica ao romance, tenho atração pelo fraseado simples,
        acessível, porém, mágico, burilado e criativo que faz a diferença entre
        o ótimo escrito da pessoa comum e o jogo atrativo de palavras e frases
        literárias. É assim que Archimedes consegue levar o leitor até o fim do
        livro como se fosse a sua linguagem a de um veterano escritor de
        qualquer coisa. Portanto, esse seu estilo, é um dos atrativos das
        páginas contra o “Mata Sete”. 
Lendo
        o livro de
        Marques, não preciso mais espiar a safadeza de “Lampião, o Mata Sete”, pois as constantes citações sobre
        ele − apresentadas e contestadas por Archimedes − provocam náuseas
        desde os escritores sérios às raparigas mais fuleiras dos becos do
        Nordeste. O livro “Lampião contra
        o Mata Sete”, de Archimedes Marques, é um terremoto máximo nas
        pretensões do juiz aposentado Pedro de Morais.   
 
segunda-feira, 2 de julho de 2012
 
LAMPIÃO CONTRA O
        MATA SETE (II) 
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de
        julho de 2012 
Crônica
        Nº 810 
 
 O
        ilustre delegado
        (profissão motivo de orgulho de Archimedes) nem precisava de citações
        para defender a sua tese, todavia, ele preferiu reforçar defesa e
        ataque incorporando uma tropa de elite, colocando-a, ora na linha de
        frente ora na retaguarda dos combates contra o Mata Sete. Estão ali os
        mais destacados escritores do cangaço apostos à frieza do comando. Além
        disso, é grande a contribuição do pano de fundo com as diversas
        passagens apresentadas por Marques, carimbadas pelos pesquisadores de
        peso do cangaço.  
Dois sábios alemães deram o
        caráter científico autônomo da Geografia no século XIX. Alexandre de
        Humboldt (naturalista) e Karl Ritter (historiador e filósofo). O
        primeiro viajou em pesquisa pela Europa, América do Norte, Ásia
        Setentrional e publicou o livro “Cosmos”.
        O segundo, pouco viajou. Dedicado ao Magistério e baseado em leituras
        entregou ao público o livro “Ciência
        Comparada da Terra”. Isso quer dizer que o pesquisador tanto pode
        fazer pesquisas de campo, quanto usar as fontes diversas e honestas sem
        sair de casa. Aliás, fora outros atributos, para pesquisas in loco é preciso ganhar bem,
        ou dispor de boa fonte financeira e coragem para enfrentar cobras,
        mosquitos, sol abrasador, água ruim, péssimas estradas e não ter
        ojeriza à pobreza. 
O
        juiz
        escritor, Morais, pode ter feito como o historiador Karl Ritter,
        pesquisando nos melhores livros sobre o cangaço ao alcance do seu poder
        aquisitivo. O seu estilo é bom, escreve bem, mas infelizmente sua
        inteligência o guiou para uma inovação literária que transforma água
        limpa, potável, cristalina, em marrons, turvas, negras lamas de
        barreiro.  
Não
        sei, não
        quero a crítica literária, não tenho vocação para o mister. Mas, como
        leitor atento às citações de Archimedes, fiz algumas comparações
        particulares, isto é, fora do foco do seu livro para melhor
        entendimento sobre o cangaço. Nada que compromete o desenrolar dos
        fatos e que os abordaremos na sequência.  
Detesto
        o
        “puxa-saquismo” para os lados de Lampião ou da Polícia, quando usado
        por “monstros sagrados” ou iniciantes sobre o tema cangaço com Lampião
        como personagem central. Isso não encontrei nos textos escritos por
        Archimedes Marques. O autor fala com toda clareza em vários trechos
        sobre a monstruosidade do bandido, porém, da mesma maneira não nega as
        suas qualidades. Sua atração pelo assunto, não o conduz à paixão
        explícita por Lampião como mais de um “grande” tentam passar ao leitor
        menos exigente. Talvez seja esse equilíbrio levado pelo novo escritor
        que vai conquistando o seu fã clube. Para melhor situar a obra do homem
        de Sergipe, passamos a informação: (MARQUES, Arquimedes. Lampião contra o Mata Sete. 1
        ed. Aracaju, Info Graphics, 2012). 
 
 
LAMPIÃO
        CONTRA O MATA SETE (III) 
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de julho de 2012. 
Crônica
        Nº 811 
 
Acho que o primeiro livro sobre o cangaço que
        eu li foi do autor Nertan Macedo: “O
        capitão Virgulino Ferreira da Silva – Lampião”, da Editora Leitura,
        1962, no início da minha adolescência. Linguagem vigorosa, porém, muito
        poética e que impressiona os jovens no alvorecer das grandes leituras.
        Daí para cá, ou antes, disso, inúmeros pesquisadores esmiunçaram a
        existência de Virgolino e, ultimamente escrevendo até a vida de vários
        de seus muitos mais de duzentos seguidores. Em Alagoas ainda resta um
        ex-cangaceiro vivo, motivo de uma conversa que tive com um dos seus
        genros para escrever os feitos do sogro. Não aposto que pode acontecer,
        pois não me empenho para isso. Quando o livro de Archimedes fala sobre
        o autor de “Lampião na Bahia”,
        Oleone Coelho Fontes (1998), como coiteiro de Pedro de Morais, pela sua
        apresentação tendenciosa no livro “Lampião,
        o Mata Sete”, é sem
        dúvida motivo de tristeza. Dizem que é um ótimo livro, o escrito por
        Oleone, mas sair da condição de festejado para coiteiro de Morais, pelo
        amor de Deus!  
Quanto às páginas referentes e contra o coronel
        José Lucena de Albuquerque Maranhão, não batem com o que sabemos. Informações
        amplas sobre o assunto, inclusive a morte de José Ferreira, logo
        estarão disponível brevemente em “Lampião
        em Alagoas”. Mesmo assim, na
        próxima crônica narraremos a nossa opinião sobre Lucena, baseada na
        tradição oral em Alagoas e nas linhas de outros escritores do cangaço. 
Diante de tantas e tantas obras publicadas sobre
        Virgolino, vimos afirmações sobre ele, muitas, exageradas: Era
        parteiro, poeta, artesão, almocreve, agricultor, vaqueiro, pecuarista,
        dançarino, devoto, entres outras qualidades. Expressando minha humilde
        opinião sobre o que tenho lido do montante de títulos a seu respeito,
        no Sertão nordestino, o fazendeiro, vaqueiro, pequeno proprietário
        nasce naquele meio fazendo quase tudo. Lampião apenas fazia o que todos
        faziam, sem os exageros dos que dizem que ele era o melhor isso, o
        melhor aquilo, numa adoração sem fim. 
        Quantas besteiras! Compositor razoável, poeta sofrível,
        almocreve comum, bom dançarino como muitos outros sertanejos, vaqueiro,
        artesão, pequeno agropecuarista com o pai, dentro da normalidade.
        Agora, quando se fala da sua capacidade militar, aí sim. O homem nasceu
        mesmo para guerrear. Era na verdade muito superior em estratégia a
        todos os comandantes de volantes que enfrentaram a luta. Não confundir
        com valentia, pois valentes e covardes nunca faltaram nas tropas do
        governo e nem nos bandos cangaceiros. 
        Lampião nunca foi coronel dos coronéis e nem todos temiam suas
        investidas. Lampião nunca passou de falso capitão, mas foi o gênio
        militar das caatingas nordestinas em torno de vinte anos. Não há
        contestação. Ele nunca foi herói por ter participado de guerras do Brasil
        com outros países, herói nacional. Entretanto, o mestre Aurélio diz: “Herói: homem extraordinário por
        seus feitos guerreiros; pessoa que por qualquer motivo é o centro de
        atrações”. É o mestre quem diz em seu “Novo Dicionário AURÉLIO” e
        não eu. Está aí: o monstro, estuprador, assassino, torturador, ladrão,
        assaltante, bandido, herói do conceito acima pelo seu extraordinário
        quengo militar e convergência das atenções. VE E VE
        A D O DÓ, doutor Pedro de Morais, com
        certeza o “Diabo dos Sertões” nunca foi e nem teve vontade. A coisa tá
        feia doutor.  
 
quarta-feira, 4 de julho de 2012
        
         
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Coronel
          José Lucena Albuquerque Maranhão |  
 
LAMPIÃO
        CONTRA O MATA SETE (IV)  
Clerisvaldo B.
        Chagas, 4 de julho de 2012.  
Crônica Nº
        812 
Muitas
        coisas foram
        ditas sobre José Lucena de Albuquerque Maranhão em nosso livro “O boi, a bota e a batina: história
        completa de Santana do Ipanema” que ficou para o ano para novas
        inclusões e por ter cinco outros livros na fila, antes dele. Lucena
        também está amplamente no livro “Lampião
        em Alagoas” que, pelos preparativos de lançamento, não vai dar para
        o dia vinte e oito deste mês, como prevíamos, ficando talvez para
        agosto. Uma crônica só é pouco para nossas observações sobre o Capítulo
        8 do livro “Lampião contra o Mata Sete”, mas tentaremos pelo menos com
        reduzidas palavras afirmar posições. Desde 1918 que o sargento Lucena
        lutava na Zona da Mata Alagoana e no Alto Sertão, época em que a
        Família Ferreira veio morar em Alagoas. Lutou contra bandos de
        cangaceiros, inclusive o dos Porcino que foram chefe de Lampião. Aliás,
        Lampião não foi somente chefiado por Sinhô. Ele teve três chefes, pela
        ordem: Matilde, os Porcino e depois Sinhô Pereira. No caso da morte de
        José, está claro em “Lampião em
        Alagoas”. Lucena estava em busca do criminoso Luís Fragoso, cercou
        sua casa, sem resistência, morrendo aí, por infelicidade, José
        Ferreira, durante a invasão, pelo instinto de cão do soldado Caiçara, o
        assassino. Lucena esbravejou contra Caiçara, mas como comandante da
        pequena força, assumiu o ato do soldado. Quanto à morte do oficial de
        que fala o Capítulo 8, de “Lampião
        contra o Mata Sete”, também está escrito de forma inédita
        detalhadamente, em “Lampião em
        Alagoas”. O oficial tentara assassiná-lo na noite de escuro,
        anterior. Chamado para esclarecimento o tenente Porfírio desafiou o
        comandante e não quis atender o seu pedido por duas vezes, o que Lucena
        para não ficar desmoralizado mandou que dois soldados que foram chamar
        o oficial o trouxessem vivo ou morto. Porfírio preferiu ir morto.
        (Aguarde “Lampião em Alagoas”).  
Em
        relação à
        morte do coronel José Rodrigues de Lima, Lucena havia sido emboscado no
        município de Água Branca quando morreu o capitão Eutíquio Rafhael de
        Medeiros. Essa emboscada foi atribuída a Zé Rodrigues. Naquele tempo −
        o companheiro Archimedes sabe que era assim − ou um ou outro. Lucena
        até demorou com a vingança. (Detalhes no mesmo livro acima).  
Em 1936,
        com a criação do 2º Batalhão de Polícia de Alagoas e sua instalação em
        Santana do Ipanema, Lucena torna-se o seu primeiro comandante. O
        batalhão passa a ser a sede de todas as forças volantes distribuídas
        estrategicamente no semiárido. São frases do conhecido comandante João
        Bezerra “Como dei cabo de
        Lampião” (...) “S.S. sempre possuía dados
        importantes. Trabalhador valoroso, não se descuidava de um só instante
        de pesquisar por todos os meios ao seu alcance dos paradeiros dos
        grupos assassinos”.  
              (...) esse valente
        militar dava ordens à distância e nunca perdia o contato com os seus
        comandados, auxiliando-os constantemente por todos os meios, ora com
        avisos, informações escritas, por portadores e telegramas quando
        possível, ora fiscalizando as marchas através das caatingas, animando,
        estimulando e orientando os comandados que surpreendia em toda parte
        com a sua agradável presença de chefe destemeroso. 
                          Ainda Bezerra (1983, p. 177): O coronel Lucena nunca vacilou
        para dar ordens enérgicas sempre que o interesse da campanha o
        exigisse. A confiança que tinha em si mesmo, a sua fé e a sua coragem
        aliadas à expectativa feliz de êxito nas diligências, se irradiavam
        sobre os seus comandados, estimulando-os a imitá-lo na esperança da
        vitória.  
                          Foi Theodoreto quem sugeriu a
        criação do 2º Batalhão de Polícia com sede em Santana do Ipanema. O
        comando seria entregue ao major José Lucena de Albuquerque Maranhão,
        oficial reconhecidamente destemido e experimentado nas lutas
        cangaceiras. Sobre ele fala o santanense sargento Oscar Silva, seu
        comandado, depois escritor de conceito, em “Fruta de Palma”: 
(...)
        sob o comando de um homem de cultura limitada, mas de inteligência rara
        e férreo espírito de disciplina: o major José Lucena de Albuquerque
        Maranhão (...).  
(...)
        senso de intransigente cumpridor da Lei e da Ordem. Era um amigo
        incondicional dos comandados, ao mesmo tempo, um intransigente
        adversário de qualquer deles, conforme a adaptação ou não dos
        subordinados à sua maneira de comando.  
 
LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE (V) 
Clerisvaldo B. Chagas, 6
        de julho de 2012. 
Crônica Nº 813 
 
        Respondendo ainda ao Capítulo 8 do
        livro “Lampião contra o Mata
        Sete”. Zé Lucena criou fama perseguindo bandidos, desde 1918, em
        Alagoas. Com a revolução de 30 continuou fiel ao governador e acabou
        preso acusado de desviar dinheiro da Caixa Beneficente da Guarda Civil.
        Muito sereno, provou sua inocência, foi solto e passou a ser homem de
        confiança do governador. Assumiu o comando do 2º Batalhão de Polícia
        com sede em Santana do Ipanema, criado para ser o centro de operações
        contra cangaceiros. Foi ele quem escolheu seus homens a dedo. Recebeu
        carta branca contra cangaceiros, ladrões de cavalos, arruaceiros e
        malfazejos em geral que atormentavam a sociedade. Em Santana
        incorporou-se ao social fazendo dupla com o padre Bulhões, os dois
        homens mais prestigiados de todo o interior. Brincava carnaval com os
        comerciantes locais e participava ativamente de todos os movimentos em
        prol do progresso de Santana. Foi prefeito dessa cidade, deputado e
        prefeito de Maceió. Tem razão o juiz Pedro de Morais quando diz em
        citação de Archimedes na página 186: “(...) Lucena foi um militar probo, valente, e seus feitos de
        glória honraram a briosa Força Pública das Alagoas, pela retidão de seu
        caráter, no mister de valoroso guerreiro, cumpridor de seus afazeres.
        (...). O resto da citação é loucura. Zé Lucena foi um dos mais
        valentes comandantes do Nordeste à caça de cangaceiros. Deu o prazo de
        15 dias para a entrega da cabeça de Virgolino pelas volantes alagoanas
        e, o prazo foi cumprido.  Quem fala que Lucena era covarde porque
        matou inúmeros bandidos em cova aberta ou não, ainda não apresentou um
        nome sequer de algum comandante de polícia ou volante candidato a
        santo. Estamos aguardando. Esperem mais detalhes do seu caráter logo,
        logo em “Lampião em Alagoas”.  
 
Lucena hoje é nome da avenida principal da cidade
        de Santana do Ipanema e do 7º Batalhão de Polícia sediado nessa cidade
        de cinquenta mil habitantes, “Capital do Sertão” de Alagoas. Zé Lucena
        sempre reconheceu as estratégias militares de Lampião, pois brigara com
        ele desde o tempo em que Virgolino era capanga dos Porcino (Antônio,
        Manuel e Pedro). Por outro lado, Lampião tinha um cuidado especial com
        Lucena, pois já provara da sua coragem e ferocidade nos combates.
        Desafiar Lucena não era tarefa para qualquer um, tanto que após a
        instalação do Batalhão em Santana, Virgolino nunca mais ali passou por
        perto. Querer tirar os méritos do morto Lucena, é querer fazer o que o
        juiz Pedro de Morais quer fazer com Lampião. 
 
 
LAMPIÃO
        CONTRA O MATA SETE (VI) 
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de julho de 2012. 
Crônica
        Nº 814 
 
         
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Tenente José Joaquim
          Grande |  
É sempre difícil falar nossas opiniões sobre o
        pensamento dos grandes sobre qualquer assunto. Oscar Niemeyer, por
        exemplo, foi autor de prédios famosos, alguns feios, outros sem
        ventilação. Mas quem ousa criticar o mestre, como vi em certa revista?
        Mas também já vi críticas sobre teses absurdas de um grande do cangaço,
        no próprio espaço virtual dedicado ao tema. Bem, quem escreve é
        formador de opiniões, cabe aos leitores, como nós aceitar ou não. Com
        as melhores das intenções, com seu trabalho exaustivo, sério e de fôlego,
        Arquimedes deixa ao leitor alguns ganchos que não comprometem sua obra.
        O assunto é vasto e nem sempre o autor dispõe de outras fontes para
        confronto. Pag. 129: Água Branca, Alagoas, não pertence à região do
        Pajeú. Págs. 150, 151 e 152: Excelente sobre Frederico Bezerra Maciel.
        Pag. 228: O peitica também é uma ave do interior (Empidonomus varius)
        parecido com o Bem-te-vi. Seu canto é considerado de mau augúrio. Págs.
        252, 253: Faltando entre os quatro mais importantes combates, o
        primeiro de Poço Branco, quando Virgolino se firmou para o cangaço.
        Houve um segundo combate de Poço Branco, logo após o assalto a Água
        Branca (ver depois detalhes: “Lampião
        em Alagoas”). Pag. 277: Ótimo,
        dignidade do tenente alagoano José Joaquim Grande, ao resguardar Volta
        Seca, mas, Pag. 351, sobre o mesmo tenente, o contrário? O tenente era
        homem de toda a confiança do comando. Pag. 430: Se os seguidores de
        Bezerra naquela noite de 27 de julho de 1938, não fossem destemidos,
        não teriam passado a noite enfrentando o frio terrível e o escuro para
        enfrentarem o bandido Lampião. Sobre as imundícies praticadas por Panta
        e outros, é outra coisa: abomináveis. Pag. 445: Nunca vi uma fotografia
        de Lídia para afirmar que ela era mesmo a mais bonita, pois, pelas
        fotos vistas, somente “bonita” era o apelido de Maria de Lampião.
        Aliás, beleza é questão particular de cada um. Pag. 453: O grande e
        excelente Costa incorporou tanto o tema cangaço, dá inúmeros títulos a
        Lampião e chega ao absurdo de chamá-lo Herói Nacional, (talvez um Caxias,
        um Tiradentes, um Plácido de Castro...) essa, com toda vênia, não
        engulo nem com manteiga. Pag. 455: Foram chefes de Virgolino: Matilde,
        os Porcino e só depois Sinhô, quando veio o apelido Lampião. Pag. 463:
        Tentando diminuir o mérito de José Rufino em cercar um paralítico. Quem
        já viu cobra cascavel paralítica sem veneno? Pag. 484: Lampião, Justiça
        de Deus: Um absurdo maior do que o paralítico. Essa opinião nem com
        manteiga e iogurte.  
Não sou vaqueiro do cangaço, não sou associado ao
        movimento, não sou escritor e pesquisador do cangaço, propriamente
        dito, sou apenas um leitor exigente e como leitor, não me pode ser
        negado o direito de opinar, certo ou errado. Sobre a parte relativa à
        Maria Bonita, preferi apenas ler as palavras do Dr. Pedro de Morais, nas
        citações de Archimedes, bem como os veementes protestos de defesa.  
Sobre ridículos, pequenos, médios e grandes
        escritores do cangaço: Muitos
        querem colocar Lampião no céu; poucos
        enfiá-lo no inferno; e pouquíssimos
        enquadrá-lo no purgatório.  
Encerro aqui os meus trabalhos de uma série de
        seis crônicas sobre a obra de Marques, agradecendo a paciência dos
        leitores e a confiança do autor. Desejo todo o sucesso do mundo ao
        pesquisador, delegado, advogado e novo escritor desse tema complexo e
        de borracha que se chama cangaço. Almejamos, meu amigo Archimedes
        Marques, outros livros seus na praça, tão bons e gostosos de leitura
        quanto “Lampião contra o Mata
        Sete”. Parabéns. 
 
 
 
 
Por:
        Ancelmo Goes(*) 
 
Octavio Iani ( 1926/2004), considerado um dos fundadores da
        sociologia no Brasil, tem um belo estudo sobre tipos e mitos do
        pensamento brasileiro. Para ele, o Brasil pode ser visto ainda como um
        país, uma sociedade nacional, uma nação ou um Estado-não nação em busca
        de um conceito. É neste processo de buscar uma cara que florescem as
        figuras e as figurações, os mitos e as mitificações de
        "Lampião", "Padre Cícero", "Antonio
        Conselheiro", "Tiradentes", "Zumbi" e outros,
        reais e imaginários.
 
 
No caso de Tiradentes, nosso
        herói maior, a propaganda republicana, na ausência de um retrato feito
        por alguém que realmente o tivesse conhecido pessoalmente, o pintou
        como Cristo. Aquelas barbas podem ser pura imaginação do retratista, já
        que naquela época, como em alguns lugares hoje, preso não podia deixar
        crescer barba ou cabelo por causa dos piolhos. 
 
Com Lampião, o processo de
        mitificação  é interminável. Afinal, ele é  filho famoso de
        uma terra de cantadores de feira e de cordelistas, onde a imaginação, e
        não só talento, também corre solta. Tanto que nas últimas décadas 
        muitos tentaram promover a transposição da imagem de Lampião de
        "facínora"  para uma espécie de versão tupiniquim do
        "Bandido Giuliano", o fora da lei que virou  herói
        siciliano na primeira metade do  século XX e que foi retrato nas
        telas no clássico de  Francesco Rosi. 
 
Acho ainda que Lampião, como
        ocorre com muitos outros personagens da nossa história, está sendo
        redescoberto pela ótica do culto da invasão da privacidade, uma das
        marcas dos tempos atuais. Em suas covas, mesmo enterrados  há 50,
        100, 200 anos, eles não conseguiram escapar de um mundo que se
        transformou numa  Big Brother. Viraram "Celebridades", e
        portanto sujeitos a bisbilhotices, ou fofocas mesmo, sobre seus afetos,
        romances e até opção sexual. Talvez seja por isso que surgem
        agora  questionamentos sobre a sexualidade "Zumbi"
        e  mais recentemente de "Lampião". 
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Inspetor Frederico