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LAMPIÃO
CONTRA O MATA SETE, A SEPARAÇÃO DO JOIO DO TRIGO
O escritor João de Sousa Lima, membro da ALPA – Academia de Letras de
Paulo Afonso, membro da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do
Cangaço, prefaciou o livro “Lampião Contra o Mata Sete”, de Archimedes
Marques, lançado no último sábado, 02, em Aracajú, capital de Sergipe.
Eis o Prefácio:
“É preciso se separar o joio do trigo, as ervas daninhas devem ser
desenraizadas para que as árvores frutíferas produzam seus frutos. Em
todos os seguimentos da vida existem os bons e os maus. Há os que
produzem com sabedoria e os tolos em sua essência. Assim caminha a
humanidade, em toda parte se sobressaem os que buscam a perfeição e
dela se aproximam, deixando seus legados como ensinamentos para outros
que trafegam na estrada do conhecimento e da perpetuação histórica,
sendo o fato aqui relacionado: A análise ajustada dos acontecimentos
que permearam uma época que marcou profundamente as mentes e as vidas
das pessoas do Nordeste brasileiro.
Há os que se aprofundam com seriedade, buscando os autênticos subsídios
para registrar nos anais dos arquivos escritos suas apreciações
honestas e responsáveis.
Também há os hipócritas, os insensatos, gente sem o mínimo de
conhecimento de certos tópicos e que são ignorantes, que se apoderam de
um assunto e sem o devido cuidado produzem verdadeiros absurdos.
Nesse caso estou falando da incapacidade de Pedro de Morais com seu
livro “Lampião, o Mata Sete” e a maestria de Archimedes Marques com o
seu apurado revide “Lampião Contra o Mata Sete”.
A leitura eu recomendo sobre o trabalho de Archimedes Marques, sem que
seja necessário conhecer as inverdades do péssimo livro de Pedro de
Morais, o Mata Sete.
Archimedes nos brinda com respostas ajustadas e um trabalho digno de
ser adquirido e de constar nos acervos das pessoas cordatas que estudam
a história do Brasil.
O simples argumento de ter sido em sua vida pública um homem da lei,
que julga seus preceitos e sobre as falhas condena os responsáveis não
credita a pessoa e nem pode ser aceita qualquer obra que tenha como
suporte apenas o contexto de “vir de um magistrado”. Não é esse o
argumento válido para se escrever qualquer obra literária, o teor
histórico de um povo, de uma nação, merece o mínimo respeito. Devemos
preservar os fatos, desvendar os acontecidos, checar às informações, analisar
seus episódios, confrontar seus subsídios e tentar se aproximar o
máximo da verdade. Esse é o caminho do verdadeiro historiador e
pesquisador.
O tempo do coronelismo já passou, não devemos ficar expostos a uma lei
que na realidade foi feita para beneficiar os homens de boa índole e
não nos colocar amedrontados diante da Toga de um magistrado. Não nos
calemos diante dos fatos injustos.
Archimedes Marques, com esse seu livro “Lampião Contra o Mata Sete”,
entra para o grupo das pessoas que produzem com seriedade, com
discernimento que demonstra coragem, qualidade indispensável aos homens
que merecem nosso respeito e nossa admiração.
Pode-se apostar no sucesso nesse primeiro trabalho de Archimedes, ele
vem pesquisando o tema cangaço há algum tempo e encontrou o rumo certo
rebatendo uma obra que vem talhada de informações sem fundamentos
legais que possam comprovar seus textos difamatórios. Diante da
apresentação de fatos tão mentirosos levantados pelo fraco autor
“Lampião, O Mata Sete”, Archimedes é a bandeira que se levanta contra
tais inverdades, um acerto ajuizado contra os pensamentos embaraçados
de um escritor sem as qualidades essenciais para uma produção que se
explica não por “querer” e sim por “existir”, fatos concretos que
justificam novos olhares, novas apreciações, porém com a honestidade e
responsabilidade que as ocorrências históricas devem atrair, tendo por
legado reparar as lacunas que ficaram adormecidas e que se juntam para
agregar valores ao contexto de uma história que se reescreve a cada
tempo, porém contada e acrescida em sua profundeza autêntica, ajustada
em suas fontes primordiais sendo salvas nas memórias literárias que
formadas com outras fontes direcionam a verdadeira historiografia do
mundo.
É preciso se separar o joio do trigo, devemos desenraizar as ervas
daninhas para que colhamos os frutos bons, nesse caso devemos receber o
livro de Archimedes Marques “Lampião Contra o Mata Sete, com a devida
grandeza que ele tem, pois ele é uma bandeira hasteada contra a
mentira, contra a insensatez, contra a erva daninha que é esse livro de
Pedro de Morais.
Paulo Afonso, 23 de fevereiro de 2012
João de Sousa Lima
Lançado o livro de
Archimedes Marques em Noite de Gala na Capital Sergipana.
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Postada em: Terça, 5 de
Junho de 2012 às 8h26 | Posts 2325
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Lançado o livro de Archimedes Marques em Noite de Gala na
Capital Sergipana.
Archimedes Marques lançou o livro
"Lampião contra o mata sete".
O lançamento aconteceu no
Centro de Cultura, um belissimo espaço que lotou com autoridades,
escritores, pesquisadores e amigos para prestigiarem o lançamento.
Entre os convidados ilustres estava o escritor Alcino Alves Costa que
mesmo com dificuldades de locomoção devido a um AVC sofrido
recentemente , não deixou de prestigiar o lançamento.
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domingo, 1 de julho de 2012
LAMPIÃO CONTRA O
MATA SETE ( I )
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de
julho de 2012.
Crônica
Nº 809
Alagoas, no geral, sempre foi um
estado quase arredio para assunto de cangaço e para cantador
repentista. Talvez, pelo gosto mais reservado para esses temas, não
tenha havido repercussão por aqui do livro embargado pela Justiça “Lampião, o Mata Sete”, do juiz
Pedro de Morais. Grandes repentistas e famosos livros sobre Lampião
também não causam impacto nenhum no “Paraíso das Águas”, assim como já
antevejo o nosso “Lampião em
Alagoas”, cujo esforço está concentrado para o lançamento ainda
este mês.
Embargado pela Justiça, através da
família Ferreira, “Lampião, o
Mata Sete”, conseguiu escapar com alguns exemplares, lidos por
abnegados pesquisadores do tema cangaço. Alguns ficaram horrorizados
com as baboseiras e delírios do autor (um verdadeiro Zé Limeira cantador
do absurdo). Confesso que não li o citado livro que, mesmo clandestino,
não circulou por essas bandas. Reagindo aos sonhos eróticos do juiz,
surgiu na praça um veemente protesto comandado pelo livro antagônico “Lampião contra o Mata Sete”, do
delegado de polícia, estreante na Literatura e como novo escritor do
cangaço, colunista, “blogueiro” e pesquisador Archimedes Marques, no
estado sergipano.
Quando o escritor atinge certa
idade, reduz quase a zero a sua leitura livresca em troca das escritas
frenéticas como a querer reconquistar o tempo. Pela minha parte, abri
exceção para o início da frase acima, ao receber o calhamaço de 552
páginas do homem da lei Archimedes Marques. Há muito, não passando de
uma leitura de 50 páginas, mergulhei no “Lampião contra o Mata Sete”, como nos velhos tempos da
adolescência, lendo-o em dois dias. Sobre qualquer tipo de assunto,
desde a crônica ao romance, tenho atração pelo fraseado simples,
acessível, porém, mágico, burilado e criativo que faz a diferença entre
o ótimo escrito da pessoa comum e o jogo atrativo de palavras e frases
literárias. É assim que Archimedes consegue levar o leitor até o fim do
livro como se fosse a sua linguagem a de um veterano escritor de
qualquer coisa. Portanto, esse seu estilo, é um dos atrativos das
páginas contra o “Mata Sete”.
Lendo
o livro de
Marques, não preciso mais espiar a safadeza de “Lampião, o Mata Sete”, pois as constantes citações sobre
ele − apresentadas e contestadas por Archimedes − provocam náuseas
desde os escritores sérios às raparigas mais fuleiras dos becos do
Nordeste. O livro “Lampião contra
o Mata Sete”, de Archimedes Marques, é um terremoto máximo nas
pretensões do juiz aposentado Pedro de Morais.
segunda-feira, 2 de julho de 2012
LAMPIÃO CONTRA O
MATA SETE (II)
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de
julho de 2012
Crônica
Nº 810
O
ilustre delegado
(profissão motivo de orgulho de Archimedes) nem precisava de citações
para defender a sua tese, todavia, ele preferiu reforçar defesa e
ataque incorporando uma tropa de elite, colocando-a, ora na linha de
frente ora na retaguarda dos combates contra o Mata Sete. Estão ali os
mais destacados escritores do cangaço apostos à frieza do comando. Além
disso, é grande a contribuição do pano de fundo com as diversas
passagens apresentadas por Marques, carimbadas pelos pesquisadores de
peso do cangaço.
Dois sábios alemães deram o
caráter científico autônomo da Geografia no século XIX. Alexandre de
Humboldt (naturalista) e Karl Ritter (historiador e filósofo). O
primeiro viajou em pesquisa pela Europa, América do Norte, Ásia
Setentrional e publicou o livro “Cosmos”.
O segundo, pouco viajou. Dedicado ao Magistério e baseado em leituras
entregou ao público o livro “Ciência
Comparada da Terra”. Isso quer dizer que o pesquisador tanto pode
fazer pesquisas de campo, quanto usar as fontes diversas e honestas sem
sair de casa. Aliás, fora outros atributos, para pesquisas in loco é preciso ganhar bem,
ou dispor de boa fonte financeira e coragem para enfrentar cobras,
mosquitos, sol abrasador, água ruim, péssimas estradas e não ter
ojeriza à pobreza.
O
juiz
escritor, Morais, pode ter feito como o historiador Karl Ritter,
pesquisando nos melhores livros sobre o cangaço ao alcance do seu poder
aquisitivo. O seu estilo é bom, escreve bem, mas infelizmente sua
inteligência o guiou para uma inovação literária que transforma água
limpa, potável, cristalina, em marrons, turvas, negras lamas de
barreiro.
Não
sei, não
quero a crítica literária, não tenho vocação para o mister. Mas, como
leitor atento às citações de Archimedes, fiz algumas comparações
particulares, isto é, fora do foco do seu livro para melhor
entendimento sobre o cangaço. Nada que compromete o desenrolar dos
fatos e que os abordaremos na sequência.
Detesto
o
“puxa-saquismo” para os lados de Lampião ou da Polícia, quando usado
por “monstros sagrados” ou iniciantes sobre o tema cangaço com Lampião
como personagem central. Isso não encontrei nos textos escritos por
Archimedes Marques. O autor fala com toda clareza em vários trechos
sobre a monstruosidade do bandido, porém, da mesma maneira não nega as
suas qualidades. Sua atração pelo assunto, não o conduz à paixão
explícita por Lampião como mais de um “grande” tentam passar ao leitor
menos exigente. Talvez seja esse equilíbrio levado pelo novo escritor
que vai conquistando o seu fã clube. Para melhor situar a obra do homem
de Sergipe, passamos a informação: (MARQUES, Arquimedes. Lampião contra o Mata Sete. 1
ed. Aracaju, Info Graphics, 2012).
LAMPIÃO
CONTRA O MATA SETE (III)
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de julho de 2012.
Crônica
Nº 811
Acho que o primeiro livro sobre o cangaço que
eu li foi do autor Nertan Macedo: “O
capitão Virgulino Ferreira da Silva – Lampião”, da Editora Leitura,
1962, no início da minha adolescência. Linguagem vigorosa, porém, muito
poética e que impressiona os jovens no alvorecer das grandes leituras.
Daí para cá, ou antes, disso, inúmeros pesquisadores esmiunçaram a
existência de Virgolino e, ultimamente escrevendo até a vida de vários
de seus muitos mais de duzentos seguidores. Em Alagoas ainda resta um
ex-cangaceiro vivo, motivo de uma conversa que tive com um dos seus
genros para escrever os feitos do sogro. Não aposto que pode acontecer,
pois não me empenho para isso. Quando o livro de Archimedes fala sobre
o autor de “Lampião na Bahia”,
Oleone Coelho Fontes (1998), como coiteiro de Pedro de Morais, pela sua
apresentação tendenciosa no livro “Lampião,
o Mata Sete”, é sem
dúvida motivo de tristeza. Dizem que é um ótimo livro, o escrito por
Oleone, mas sair da condição de festejado para coiteiro de Morais, pelo
amor de Deus!
Quanto às páginas referentes e contra o coronel
José Lucena de Albuquerque Maranhão, não batem com o que sabemos. Informações
amplas sobre o assunto, inclusive a morte de José Ferreira, logo
estarão disponível brevemente em “Lampião
em Alagoas”. Mesmo assim, na
próxima crônica narraremos a nossa opinião sobre Lucena, baseada na
tradição oral em Alagoas e nas linhas de outros escritores do cangaço.
Diante de tantas e tantas obras publicadas sobre
Virgolino, vimos afirmações sobre ele, muitas, exageradas: Era
parteiro, poeta, artesão, almocreve, agricultor, vaqueiro, pecuarista,
dançarino, devoto, entres outras qualidades. Expressando minha humilde
opinião sobre o que tenho lido do montante de títulos a seu respeito,
no Sertão nordestino, o fazendeiro, vaqueiro, pequeno proprietário
nasce naquele meio fazendo quase tudo. Lampião apenas fazia o que todos
faziam, sem os exageros dos que dizem que ele era o melhor isso, o
melhor aquilo, numa adoração sem fim.
Quantas besteiras! Compositor razoável, poeta sofrível,
almocreve comum, bom dançarino como muitos outros sertanejos, vaqueiro,
artesão, pequeno agropecuarista com o pai, dentro da normalidade.
Agora, quando se fala da sua capacidade militar, aí sim. O homem nasceu
mesmo para guerrear. Era na verdade muito superior em estratégia a
todos os comandantes de volantes que enfrentaram a luta. Não confundir
com valentia, pois valentes e covardes nunca faltaram nas tropas do
governo e nem nos bandos cangaceiros.
Lampião nunca foi coronel dos coronéis e nem todos temiam suas
investidas. Lampião nunca passou de falso capitão, mas foi o gênio
militar das caatingas nordestinas em torno de vinte anos. Não há
contestação. Ele nunca foi herói por ter participado de guerras do Brasil
com outros países, herói nacional. Entretanto, o mestre Aurélio diz: “Herói: homem extraordinário por
seus feitos guerreiros; pessoa que por qualquer motivo é o centro de
atrações”. É o mestre quem diz em seu “Novo Dicionário AURÉLIO” e
não eu. Está aí: o monstro, estuprador, assassino, torturador, ladrão,
assaltante, bandido, herói do conceito acima pelo seu extraordinário
quengo militar e convergência das atenções. VE E VE
A D O DÓ, doutor Pedro de Morais, com
certeza o “Diabo dos Sertões” nunca foi e nem teve vontade. A coisa tá
feia doutor.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
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Coronel
José Lucena Albuquerque Maranhão
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LAMPIÃO
CONTRA O MATA SETE (IV)
Clerisvaldo B.
Chagas, 4 de julho de 2012.
Crônica Nº
812
Muitas
coisas foram
ditas sobre José Lucena de Albuquerque Maranhão em nosso livro “O boi, a bota e a batina: história
completa de Santana do Ipanema” que ficou para o ano para novas
inclusões e por ter cinco outros livros na fila, antes dele. Lucena
também está amplamente no livro “Lampião
em Alagoas” que, pelos preparativos de lançamento, não vai dar para
o dia vinte e oito deste mês, como prevíamos, ficando talvez para
agosto. Uma crônica só é pouco para nossas observações sobre o Capítulo
8 do livro “Lampião contra o Mata Sete”, mas tentaremos pelo menos com
reduzidas palavras afirmar posições. Desde 1918 que o sargento Lucena
lutava na Zona da Mata Alagoana e no Alto Sertão, época em que a
Família Ferreira veio morar em Alagoas. Lutou contra bandos de
cangaceiros, inclusive o dos Porcino que foram chefe de Lampião. Aliás,
Lampião não foi somente chefiado por Sinhô. Ele teve três chefes, pela
ordem: Matilde, os Porcino e depois Sinhô Pereira. No caso da morte de
José, está claro em “Lampião em
Alagoas”. Lucena estava em busca do criminoso Luís Fragoso, cercou
sua casa, sem resistência, morrendo aí, por infelicidade, José
Ferreira, durante a invasão, pelo instinto de cão do soldado Caiçara, o
assassino. Lucena esbravejou contra Caiçara, mas como comandante da
pequena força, assumiu o ato do soldado. Quanto à morte do oficial de
que fala o Capítulo 8, de “Lampião
contra o Mata Sete”, também está escrito de forma inédita
detalhadamente, em “Lampião em
Alagoas”. O oficial tentara assassiná-lo na noite de escuro,
anterior. Chamado para esclarecimento o tenente Porfírio desafiou o
comandante e não quis atender o seu pedido por duas vezes, o que Lucena
para não ficar desmoralizado mandou que dois soldados que foram chamar
o oficial o trouxessem vivo ou morto. Porfírio preferiu ir morto.
(Aguarde “Lampião em Alagoas”).
Em
relação à
morte do coronel José Rodrigues de Lima, Lucena havia sido emboscado no
município de Água Branca quando morreu o capitão Eutíquio Rafhael de
Medeiros. Essa emboscada foi atribuída a Zé Rodrigues. Naquele tempo −
o companheiro Archimedes sabe que era assim − ou um ou outro. Lucena
até demorou com a vingança. (Detalhes no mesmo livro acima).
Em 1936,
com a criação do 2º Batalhão de Polícia de Alagoas e sua instalação em
Santana do Ipanema, Lucena torna-se o seu primeiro comandante. O
batalhão passa a ser a sede de todas as forças volantes distribuídas
estrategicamente no semiárido. São frases do conhecido comandante João
Bezerra “Como dei cabo de
Lampião” (...) “S.S. sempre possuía dados
importantes. Trabalhador valoroso, não se descuidava de um só instante
de pesquisar por todos os meios ao seu alcance dos paradeiros dos
grupos assassinos”.
(...) esse valente
militar dava ordens à distância e nunca perdia o contato com os seus
comandados, auxiliando-os constantemente por todos os meios, ora com
avisos, informações escritas, por portadores e telegramas quando
possível, ora fiscalizando as marchas através das caatingas, animando,
estimulando e orientando os comandados que surpreendia em toda parte
com a sua agradável presença de chefe destemeroso.
Ainda Bezerra (1983, p. 177): O coronel Lucena nunca vacilou
para dar ordens enérgicas sempre que o interesse da campanha o
exigisse. A confiança que tinha em si mesmo, a sua fé e a sua coragem
aliadas à expectativa feliz de êxito nas diligências, se irradiavam
sobre os seus comandados, estimulando-os a imitá-lo na esperança da
vitória.
Foi Theodoreto quem sugeriu a
criação do 2º Batalhão de Polícia com sede em Santana do Ipanema. O
comando seria entregue ao major José Lucena de Albuquerque Maranhão,
oficial reconhecidamente destemido e experimentado nas lutas
cangaceiras. Sobre ele fala o santanense sargento Oscar Silva, seu
comandado, depois escritor de conceito, em “Fruta de Palma”:
(...)
sob o comando de um homem de cultura limitada, mas de inteligência rara
e férreo espírito de disciplina: o major José Lucena de Albuquerque
Maranhão (...).
(...)
senso de intransigente cumpridor da Lei e da Ordem. Era um amigo
incondicional dos comandados, ao mesmo tempo, um intransigente
adversário de qualquer deles, conforme a adaptação ou não dos
subordinados à sua maneira de comando.
LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE (V)
Clerisvaldo B. Chagas, 6
de julho de 2012.
Crônica Nº 813
Respondendo ainda ao Capítulo 8 do
livro “Lampião contra o Mata
Sete”. Zé Lucena criou fama perseguindo bandidos, desde 1918, em
Alagoas. Com a revolução de 30 continuou fiel ao governador e acabou
preso acusado de desviar dinheiro da Caixa Beneficente da Guarda Civil.
Muito sereno, provou sua inocência, foi solto e passou a ser homem de
confiança do governador. Assumiu o comando do 2º Batalhão de Polícia
com sede em Santana do Ipanema, criado para ser o centro de operações
contra cangaceiros. Foi ele quem escolheu seus homens a dedo. Recebeu
carta branca contra cangaceiros, ladrões de cavalos, arruaceiros e
malfazejos em geral que atormentavam a sociedade. Em Santana
incorporou-se ao social fazendo dupla com o padre Bulhões, os dois
homens mais prestigiados de todo o interior. Brincava carnaval com os
comerciantes locais e participava ativamente de todos os movimentos em
prol do progresso de Santana. Foi prefeito dessa cidade, deputado e
prefeito de Maceió. Tem razão o juiz Pedro de Morais quando diz em
citação de Archimedes na página 186: “(...) Lucena foi um militar probo, valente, e seus feitos de
glória honraram a briosa Força Pública das Alagoas, pela retidão de seu
caráter, no mister de valoroso guerreiro, cumpridor de seus afazeres.
(...). O resto da citação é loucura. Zé Lucena foi um dos mais
valentes comandantes do Nordeste à caça de cangaceiros. Deu o prazo de
15 dias para a entrega da cabeça de Virgolino pelas volantes alagoanas
e, o prazo foi cumprido. Quem fala que Lucena era covarde porque
matou inúmeros bandidos em cova aberta ou não, ainda não apresentou um
nome sequer de algum comandante de polícia ou volante candidato a
santo. Estamos aguardando. Esperem mais detalhes do seu caráter logo,
logo em “Lampião em Alagoas”.
Lucena hoje é nome da avenida principal da cidade
de Santana do Ipanema e do 7º Batalhão de Polícia sediado nessa cidade
de cinquenta mil habitantes, “Capital do Sertão” de Alagoas. Zé Lucena
sempre reconheceu as estratégias militares de Lampião, pois brigara com
ele desde o tempo em que Virgolino era capanga dos Porcino (Antônio,
Manuel e Pedro). Por outro lado, Lampião tinha um cuidado especial com
Lucena, pois já provara da sua coragem e ferocidade nos combates.
Desafiar Lucena não era tarefa para qualquer um, tanto que após a
instalação do Batalhão em Santana, Virgolino nunca mais ali passou por
perto. Querer tirar os méritos do morto Lucena, é querer fazer o que o
juiz Pedro de Morais quer fazer com Lampião.
LAMPIÃO
CONTRA O MATA SETE (VI)
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de julho de 2012.
Crônica
Nº 814
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Tenente José Joaquim
Grande
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É sempre difícil falar nossas opiniões sobre o
pensamento dos grandes sobre qualquer assunto. Oscar Niemeyer, por
exemplo, foi autor de prédios famosos, alguns feios, outros sem
ventilação. Mas quem ousa criticar o mestre, como vi em certa revista?
Mas também já vi críticas sobre teses absurdas de um grande do cangaço,
no próprio espaço virtual dedicado ao tema. Bem, quem escreve é
formador de opiniões, cabe aos leitores, como nós aceitar ou não. Com
as melhores das intenções, com seu trabalho exaustivo, sério e de fôlego,
Arquimedes deixa ao leitor alguns ganchos que não comprometem sua obra.
O assunto é vasto e nem sempre o autor dispõe de outras fontes para
confronto. Pag. 129: Água Branca, Alagoas, não pertence à região do
Pajeú. Págs. 150, 151 e 152: Excelente sobre Frederico Bezerra Maciel.
Pag. 228: O peitica também é uma ave do interior (Empidonomus varius)
parecido com o Bem-te-vi. Seu canto é considerado de mau augúrio. Págs.
252, 253: Faltando entre os quatro mais importantes combates, o
primeiro de Poço Branco, quando Virgolino se firmou para o cangaço.
Houve um segundo combate de Poço Branco, logo após o assalto a Água
Branca (ver depois detalhes: “Lampião
em Alagoas”). Pag. 277: Ótimo,
dignidade do tenente alagoano José Joaquim Grande, ao resguardar Volta
Seca, mas, Pag. 351, sobre o mesmo tenente, o contrário? O tenente era
homem de toda a confiança do comando. Pag. 430: Se os seguidores de
Bezerra naquela noite de 27 de julho de 1938, não fossem destemidos,
não teriam passado a noite enfrentando o frio terrível e o escuro para
enfrentarem o bandido Lampião. Sobre as imundícies praticadas por Panta
e outros, é outra coisa: abomináveis. Pag. 445: Nunca vi uma fotografia
de Lídia para afirmar que ela era mesmo a mais bonita, pois, pelas
fotos vistas, somente “bonita” era o apelido de Maria de Lampião.
Aliás, beleza é questão particular de cada um. Pag. 453: O grande e
excelente Costa incorporou tanto o tema cangaço, dá inúmeros títulos a
Lampião e chega ao absurdo de chamá-lo Herói Nacional, (talvez um Caxias,
um Tiradentes, um Plácido de Castro...) essa, com toda vênia, não
engulo nem com manteiga. Pag. 455: Foram chefes de Virgolino: Matilde,
os Porcino e só depois Sinhô, quando veio o apelido Lampião. Pag. 463:
Tentando diminuir o mérito de José Rufino em cercar um paralítico. Quem
já viu cobra cascavel paralítica sem veneno? Pag. 484: Lampião, Justiça
de Deus: Um absurdo maior do que o paralítico. Essa opinião nem com
manteiga e iogurte.
Não sou vaqueiro do cangaço, não sou associado ao
movimento, não sou escritor e pesquisador do cangaço, propriamente
dito, sou apenas um leitor exigente e como leitor, não me pode ser
negado o direito de opinar, certo ou errado. Sobre a parte relativa à
Maria Bonita, preferi apenas ler as palavras do Dr. Pedro de Morais, nas
citações de Archimedes, bem como os veementes protestos de defesa.
Sobre ridículos, pequenos, médios e grandes
escritores do cangaço: Muitos
querem colocar Lampião no céu; poucos
enfiá-lo no inferno; e pouquíssimos
enquadrá-lo no purgatório.
Encerro aqui os meus trabalhos de uma série de
seis crônicas sobre a obra de Marques, agradecendo a paciência dos
leitores e a confiança do autor. Desejo todo o sucesso do mundo ao
pesquisador, delegado, advogado e novo escritor desse tema complexo e
de borracha que se chama cangaço. Almejamos, meu amigo Archimedes
Marques, outros livros seus na praça, tão bons e gostosos de leitura
quanto “Lampião contra o Mata
Sete”. Parabéns.
Por:
Ancelmo Goes(*)
Octavio Iani ( 1926/2004), considerado um dos fundadores da
sociologia no Brasil, tem um belo estudo sobre tipos e mitos do
pensamento brasileiro. Para ele, o Brasil pode ser visto ainda como um
país, uma sociedade nacional, uma nação ou um Estado-não nação em busca
de um conceito. É neste processo de buscar uma cara que florescem as
figuras e as figurações, os mitos e as mitificações de
"Lampião", "Padre Cícero", "Antonio
Conselheiro", "Tiradentes", "Zumbi" e outros,
reais e imaginários.
No caso de Tiradentes, nosso
herói maior, a propaganda republicana, na ausência de um retrato feito
por alguém que realmente o tivesse conhecido pessoalmente, o pintou
como Cristo. Aquelas barbas podem ser pura imaginação do retratista, já
que naquela época, como em alguns lugares hoje, preso não podia deixar
crescer barba ou cabelo por causa dos piolhos.
Com Lampião, o processo de
mitificação é interminável. Afinal, ele é filho famoso de
uma terra de cantadores de feira e de cordelistas, onde a imaginação, e
não só talento, também corre solta. Tanto que nas últimas décadas
muitos tentaram promover a transposição da imagem de Lampião de
"facínora" para uma espécie de versão tupiniquim do
"Bandido Giuliano", o fora da lei que virou herói
siciliano na primeira metade do século XX e que foi retrato nas
telas no clássico de Francesco Rosi.
Acho ainda que Lampião, como
ocorre com muitos outros personagens da nossa história, está sendo
redescoberto pela ótica do culto da invasão da privacidade, uma das
marcas dos tempos atuais. Em suas covas, mesmo enterrados há 50,
100, 200 anos, eles não conseguiram escapar de um mundo que se
transformou numa Big Brother. Viraram "Celebridades", e
portanto sujeitos a bisbilhotices, ou fofocas mesmo, sobre seus afetos,
romances e até opção sexual. Talvez seja por isso que surgem
agora questionamentos sobre a sexualidade "Zumbi"
e mais recentemente de "Lampião".
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Muito obrigado pela sua contribuição.
Inspetor Frederico