12 maio 2009

O poder da simplicidade





Paulo Beni da Silva
Aprendemos na língua portuguesa, que, concisão – consiste em se apresentar uma idéia em poucas palavras sem, contudo, comprometer a clareza. Sempre que me lembro da figura do “Profissional” ou “Especialista” em segurança, me deparo com um dilema. Afinal, qual a verdadeira função deste? Pois tenho encontrado alguns que até mesmo se acham o “007” do seguimento ora mencionado.
Alguns dizem que segurança é uma atividade complexa devido aos seus processos e meios de emprego. No entanto, qualquer que seja a atividade fim, esta apresenta certo grau de complexidade. Porém, vejo que toda complexidade referida, é de fato, gerada pelo homem, que é o principal agente em qualquer processo.
Já que estamos na era da inteligência, devemos atentar para a avalanche de “pseudo-es­pecialistas” que tem surgido. Estes, com um “belo” discurso e certa imaturidade, tentam iludir “platéias” com o desejo apenas de projetar suas frustrações e satisfazer seu ego em crise. Isso apenas pelas credenciais que carregam. A saber, que, credenciais embora ne­cessárias - não devem servir apenas de status. Ou melhor - status - não protege ninguém. Caráter sim! Este é o fundamental “escudo protetor” do Profissional em Segurança de su­cesso. Arrisco em dizer – de qualquer profissional.
O Especialista em Segurança sabe que o conhecimento em si não tem valor, pois o valor advém do que a ele se agrega e do seu emprego. Portanto mesmo respeitando certos tipos de gestões, não posso concordar com aqueles que se gabam de especialidades, contudo, não conhecem “qual a distância da portaria principal, para a guarita um ou cinco”. Não sabem ao menos o nome do vigilante ou funcionário a ele subordinado, e ai por diante.
Vemos nas páginas dos livros de história, que tanto Alexandre o Grande, como o próprio Cesar - imperador romano – levaram seus exércitos a grandes conquistas, devido ao sim­ples fato de estarem “lado a lado” com a tropa. Talvez conhecessem cada um de seus soldados, suas vulnerabilidades e necessidades.
Faço um apelo aos gestores de segurança, para que não compliquem a atividade, com pro­cessos complexos e indecifráveis. Segurança não é uma ciência exata. Quando o assunto é mudança e inovar, sou o primeiro a “levantar a bandeira”. Porém, se precisamos levar conhecimento “a tropa” – que o façamos aos moldes locais. Já que segurança é a certeza de que tudo está bem. E isso de forma simples! Que nossa comunicação ao público dese­jado, seja objetiva e transparente. Não façamos do próximo apenas um “banco de dados”.
Antes, que haja o empenho de cada gestor, em gerar transformação. A palavra comunicação tem sua raiz na palavra latina communis, que significa tornar comum. Portanto, simplifiquemos.
Entre muitas das tentativas de por fim a mais sangrenta guerra civil do EUA. Uma se destaca, pela sua forma simples de ação. E a interpreto como o “tiro certo” – que pôs fim àquela crise interna. Segundo relatos, o General Ulisses S. Grant, enviou uma mensagem ao seu presidente com os seguintes dizeres:
“Se dificultarmos a situação, acho que Lee se renderá”
A ação do presidente foi imediata. E, em resposta à mensagem recebida, de forma objetiva e simples, resumiu o que chamaríamos, hoje, de ação de “contra-medidas”. Como segue:
“7 de abril de 1865.
11 horas da manhã
Que a situação seja dificultada
A. Lincoln”
Ao receber a mensagem, Grant agiu de acordo com o seu “precioso” conteúdo e apertou tremen­damente a situação. E, como resultado, em apenas dois dias após sua investida, Robert E. Lee se rendeu, finalizando tão exaustiva guerra.
Fico a pensar, que, se hoje tivesse que tomar uma decisão como Lincoln tomou, convocaria outros “profissionais” para reuniões e elaborar estudos e analises, a fim de encontrar estratégias, para por em prática as mais acertadas táticas de emprego. No entanto, com um “simples legado”, Lin­coln nos ensina, que, por mais hercúleo que seja o problema – podemos agir de forma precisa e simples, ou seja, fazer o que precisa ser feito. Em apenas três linhas.

Paulo Beni da Silva é profissional de segurança, exercendo o cargo de Inspe­tor de Segurança da Petrobrás. e-mail: paulobeni@petrobras.com.br
Fonte: Revista Eletrônica | Brasiliano&Associados | Julho - Agosto 2008 | Edição 37ª, pag. 15 e 16

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Inspetor Frederico

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