Presidente do sindicato reclama que GCM está sucateada e verba poderia reverter situação
Gabriel Mestieri, do R7
O dinheiro gasto pela Prefeitura de São Paulo com o “bico oficial” de policiais militares, que trabalham em dias de folga para a administração municipal, daria para quase dobrar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana.
Em 2011, a prefeitura destinou R$ 112 milhões para pagar a operação delegada — convênio com a Polícia Militar do Estado. Os PMs da operação atuam, sobretudo, no combate ao comércio de rua em todas as regiões da cidade. Cerca de 4.000 PMs trabalham atualmente na atividade delegada, com fardas, viaturas, armas e colete da corporação. A escala também é definida pela PM.
Para o presidente do SindGuardas-SP (Sindicato dos Guardas Civis Metropolitanos de SP), Angelino Venerando Filho, a transferência de responsabilidade desvaloriza o guarda municipal.
— Os oficiais e praças da GCM se sentem desprezados pela prefeitura. O valor astronômico que é pago [na operação delegada] poderia contratar mais 6.000 guardas e viaturas.
De acordo com ele, a PM recebe “uma fortuna da prefeitura enquanto a Guarda criada para o município está sucateada”.
— Se você for a uma base da GCM vai ter nojo de entrar. Trabalhamos diuturnamente e não recebemos oportunamente para isso.
Queríamos saber onde está a escala da função delegada, pois a população não tem como saber. Acredito que o secretário de Segurança Urbana também não saiba.
A vereadora Juliana Cardoso (PT) afirma que não há justificativa para pegar um dinheiro que poderia ser investido na GCM e entrega-lo à Polícia Militar.
— Nos últimos meses, aumentou o homicídio e o roubo de veículos. Então, hoje se gasta quase R$ 112 milhões para a criminalidade continuar na rua, então não adianta a PM ficar reprimindo morador de rua, ambulante, pessoas que são trabalhadoras. A PM ajudaria muito mais fazendo sua função para diminuir roubo e criminalidade do que tentando fazer o papel da GCM, que é tão importante para a cidade, para o patrimônio publico.
De acordo com ela, escolas e unidades de saúde, que deveriam ser vigiadas pela guarda, estão com a segurança debilitada.
— Você poderia investir esse recurso [da operação delegada] na Guarda, para cuidar de escolas, postos de saúde, dos teatros, do museu, de todo o patrimônio publico que tem na cidade. Daria pra equipar toda Guarda, aumentar efetivo, comprar equipamento. Daria para fazer inúmeras outras coisas; fazer contratação em massa e ocupar todos os espaços que prefeitura tem que ocupar. Esse dinheiro é uma fortuna.
Venerando reclama também da terceirização dessas funções de proteção do patrimônio da cidade, que antes eram exercidas pela GCM.
— É um absurdo. Guarda foi criada para cuidar de bens e serviços. Antes tinha policiamento nas escolas, hoje não tem. São 6.700 homens, um efetivo pequeno, que devia ser dobrado. Dinheiro gasto com empresas de segurança e delegada deveria ser repassado para município fazer bom policiamento municipal. O policiamento da Guarda é precário.
Procurada pelo R7 para comentar os gastos com a operação delegada, a prefeitura não se manifestou.
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Inspetor Frederico