07/03/2013 14:33:00
Integrante do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Guarda Municipal de Curitiba há quatro anos, Rosane Nascimento está acostumada a atuar em situações tensas, como jogos de futebol, grandes festas populares, retirada de invasões e segurança em geral. Apesar do ambiente predominantemente masculino e da rotina pesada, ela esbanja feminilidade. “Jamais saio para as ruas sem usar filtro solar e maquiagem leve, que retoco ao longo do dia”, diz.
Rosane faz parte dogrupo de 133 mulheres que integram o efetivo da Guarda Municipal de Curitiba, formado por 1.530 agentes. No grupo em que ela atua, há 40 homens e apenas uma mulher.
Recentemente Rosane surpreendeu os colegas de trabalho, ao se classificar em segundo lugar no Paraná num concurso de beleza nacional, que elegeu a guarda municipal mais bonita do Brasil. Organizada numa rede social, a competição teve o resultado divulgado no último domingo (2). “Foi uma experiência boa e divertida, conheci pessoas de todo o País”, comenta.
Lucélia dos Prazeres, há 28 anos na Guarda Municipal, foi uma das primeiras da corporação. “Quando eu entrei, havia apenas 30 mulheres”, conta. Lucélia foi motorista de viatura e trabalhou à noite em ruas da cidadania, enfrentando diversas situações difíceis. “Mas sempre fui tratada com respeito”, afirma. “Abordagem feita por agentes mulheres tem mais diálogo e menos força, o que muitas vezes acaba sendo até mais respeitada”, comenta. Após 24 anos de trabalho nas ruas, desde o ano passado ela exerce funções administrativas.
Vaidosa, Lucélia conta que sempre carregou um porta-batom no cinturão, ao lado do porta-algemas, o que despertava a curiosidade da população e dos colegas. Fardada, nunca abriu mão de usar brinco, batom e rímel. Manter a feminilidade é fundamental”, afirma.
Quando entrou para a Guarda, Lucélia tinha uma filha de 3 anos, Camila, que hoje também é agente da Guarda Municipal de Curitiba.
“A minha mãe deu um empurrãozinho no início, quando eu estava definindo a minha profissão”, explica Camila Beneduzzi, há oito anos na corporação. Grávida de oito meses de um menino, ela brinca dizendo que talvez esteja a caminho uma terceira geração da Guarda Municipal.
Durante a gestação, as agentes são dispensadas de usar a farda e são deslocadas para funções administrativas. Mesmo assim, Camila conta que normalmente se depara com olhares surpresos por parte da população. “Quando eu digo que sou da Guarda, algumas pessoas ainda estranham”, afirma.
Quem está há mais tempo na Guarda, como a agente Inez Aparecida Basso, conta que as coisas já foram bem mais difíceis para as mulheres. “Quando entrei, há 21 anos, havia preconceito por parte dos colegas e até das chefias”, diz. “Várias vezes, ouvi que eu não daria conta de conciliar o meu trabalho com a maternidade, por exemplo”.
Quando o filho mais velho, que hoje tem 20 anos, era pequeno, Inez precisou de ajuda médica e psicológica para conseguir lidar com a situação. “Hoje, a realidade é outra, o mundo mudou. Ainda falta avançarmos mais um pouco, mas as mulheres já são muito mais valorizadas e respeitadas”, diz.
Fonte: http://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/guardas-municipais-conciliam-vaidade-com-trabalho-pesado/28767
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